Charles Finney: O “pré-pentecostal” que preparou o caminho para o avivamento
- Terca-Feira, 02 Setembro 2025
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O movimento pentecostal, que se espalhou pelo mundo a partir do início do século XX, não surgiu do nada. Ele foi precedido por uma longa tradição de avivamentos que moldaram o cristianismo evangélico. Nesse caminho, uma das figuras mais marcantes foi Charles Grandison Finney (1792–1875), conhecido como o “pai do revivalismo moderno”.O avivalista do Segundo Grande DespertamentoFinney foi um pregador do Segundo Grande Despertamento nos Estados Unidos, um período de intensa efervescência espiritual no início do século XIX. Advogado convertido, ele se tornou evangelista e, mais tarde, professor de Teologia em Oberlin College. Sua pregação era direta, prática e chamava as pessoas à decisão imediata por Cristo.O “batismo no Espírito” em FinneyUm dos pontos mais notáveis do seu ensino foi a ênfase no que chamava de “batismo do Espírito Santo para serviço”. Para ele, além da conversão, o cristão precisava ser revestido de poder para testemunhar. Essa experiência, distinta da salvação, lembra fortemente o que os pentecostais mais tarde ensinariam sobre o batismo no Espírito Santo.Mas Finney ia além: ele acreditava que esse batismo estava intimamente ligado à purificação interior, produzindo uma vida santa e reta diante de Deus. Essa experiência poderia conduzir o cristão a um estado de perfeição moral, ou seja, viver livre do domínio do pecado e em obediência plena à vontade de Deus. Essa ideia de que o Espírito Santo não apenas dá poder, mas também santifica e aperfeiçoa.Métodos e práticas que inspiraram o pentecostalismoFinney também inovou nos métodos evangelísticos. O uso do “banco dos ansiosos”, onde os interessados em entregar a vida a Cristo eram convidados a se ajoelhar em público, antecipou os apelos e os cultos de altar comuns nos pentecostais. Seus cultos eram marcados por oração fervorosa, expectativa de avivamento e abertura para manifestações intensas da fé.Santidade e vida transformadaInfluenciado pelo movimento da santidade (holiness), Finney acreditava que o cristão podia viver em vitória sobre o pecado. Essa teologia da santidade se tornaria um dos principais alicerces do pentecostalismo nascente, especialmente entre metodistas e grupos holiness que foram berço do movimento.ConclusãoPor tudo isso, podemos dizer que Finney foi um “pré-pentecostal”: ele não era pentecostal no sentido estrito, mas sua pregação sobre santidade, sua teologia do Espírito e seu estilo avivalista ajudaram a preparar o terreno para o que, décadas depois, floresceria na Rua Azusa e se espalharia pelo mundo.Hoje, quando falamos de avivamento, não podemos esquecer das sementes lançadas por homens como Charles Finney, que mantiveram acesa a chama da busca por uma Igreja cheia do Espírito Santo. Ediudson Fontes (@ediudsonfontes) é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência da Religião. Cursando Mestrado em Teologia Sistemática Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.Leia o artigo anterior: Dom de profecia e sua importância para a edificação da Igreja