Depressão: O mal do século que silencia e mata
- Terca-Feira, 02 Setembro 2025
- 0 Comentário(s)

A depressão não é “mimimi”, não é “frescura”, nem falta de fé. É doença séria, silenciosa e destrutiva, que já foi chamada pela Organização Mundial da Saúde de “mal do século”. Hoje, ela está entre as principais causas de incapacidade no mundo, atingindo pessoas de todas as idades, profissões, crenças e classes sociais.Os números são alarmantes: estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofram de depressão. No Brasil, o país com a maior taxa da América Latina, são mais de 11,5 milhões de brasileiros diagnosticados. E o dado mais cruel: grande parte das pessoas que se suicidam tinham como pano de fundo a depressão não tratada.Setembro é o mês de alerta. Mas será que de fato estamos falando do que importa? Ou apenas repetindo frases prontas, enquanto muitos continuam sofrendo em silêncio, sem apoio da família, da sociedade e até de algumas igrejas que ainda insistem em enxergar a depressão como falta de oração ou de espiritualidade?Essa visão ultrapassada não apenas machuca — ela mata. Porque o que mais o depressivo precisa é de acolhimento, tratamento e compreensão.O que é a depressão, afinal?Este texto abaixo está baseado no meu livro intitulado "Depressão" da Central Gospel. Trata-se de um transtorno mental e emocional que atinge mente, corpo e alma, roubando a vitalidade, a esperança e a própria vontade de viver. Não é apenas tristeza. É um vazio profundo, acompanhado de sintomas físicos, emocionais e espirituais, que desorganiza completamente a vida.Por que é o mal do século?Porque cresce em ritmo assustador.Porque já atinge crianças e adolescentes, cada vez mais cedo.Porque destrói famílias, casamentos e carreiras.Porque encontra combustível em uma sociedade superficial, imediatista e sem tempo para ouvir.Porque ainda é cercada de tabus, preconceito e ignorância.Dicas práticas para enfrentar a depressão- Quebre o silêncio: falar sobre o que sente não é fraqueza. É ato de coragem. Procure ajuda profissional (psicólogo, psiquiatra) e não se isole.- Trate corpo, mente e espírito: depressão não é apenas falta de serotonina. Precisa de tratamento integral: remédio, psicoterapia e também cuidado espiritual.- Alimente-se de forma saudável: corpo debilitado favorece mente enfraquecida. Pequenas mudanças alimentares impactam positivamente o humor.- Movimente-se: a atividade física libera endorfina, que combate sintomas depressivos. Caminhar, nadar ou dançar pode ser mais poderoso do que se imagina.- Tenha rede de apoio: família e amigos devem ser refúgio, não fardo. Não julgue, não minimize, não culpe. Apoiar salva vidas.- Fortaleça sua fé: estudos mostram que espiritualidade é fator protetor contra depressão e suicídio. Fé, oração e comunidade fazem diferença.Um chamado urgenteO “Setembro Amarelo” não pode ser reduzido a fitinhas, posts bonitos ou campanhas frias. Precisamos gritar contra o preconceito e o descaso. Depressão é doença séria, que precisa ser enfrentada com seriedade e amor.Se você sofre, não se culpe. Não se esconda. Não se entregue à voz que mente dizendo que você não tem valor. Sua vida importa.E se você não sofre, mas conhece alguém que sofre, estenda a mão. Talvez você seja o último elo entre essa pessoa e a esperança.Porque o mal do século só será vencido se deixarmos de lado a indiferença e encararmos a depressão de frente — com coragem, ciência, fé e compaixão. Esse é o momento de romper o silêncio. Setembro é só o começo. A luta é todo dia. Marisa Lobo (CRP 08/07512) é psicóloga, missionária, ativista pelos direitos da infância e da família e autora de livros sobre saúde mental, educação de filhos e autoestima infantil, entre eles "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo". Especialista em Direitos Humanos, preside o movimento Pró-Mulher.* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.Leia o artigo anterior: Bolsonaro, tornozeleira e culto evangélico: Até onde vai a violência simbólica a uma família?